quinta-feira, 20 de junho de 2013

Vitória do Brasil!


 
 
 
Viva a democracia! Primeira vitória das manifestações. Após pressão sofrida pelos protestos e passeatas, Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, anunciou em entrevista coletiva no início da noite desta quarta-feira, dia 19, a redução no aumento de R$ 0,20 da tarifa dos transportes públicos coletivos na cidade do Rio de Janeiro, o que fez a passagem de ônibus que ora havia subido para R$2,95 voltar para R$ 2,75.  O Governador Sérgio Cabral, também em entrevista coletiva decidiu que o aumento das passagens dos trens, barcas e metrô seriam revogados. Decisão tomada conjuntamente com o estado de São Paulo. Em entrevista direto do Palácio dos Bandeirantes, o Governador Geraldo Alckmim e o Prefeito Fernando Haddad anunciaram a redução das passagens de trem, metrô e barcas que havia passado de R$ 3,00 para R$ 3,20, voltandopara o antigo preço. Outras capitais retrocederam também no aumento das tarifas dos transportes públicos coletivos.

Obrigado, Governador!


Quarta-feira, 12, por volta da meia noite: Arnaldo Jabor compara uma manifestação contra o aumento das passagens de ônibus ao PCC. “Só vimos isso [um ódio tão violento contra a cidade] quando a organização criminosa de São Paulo queimou dezenas de ônibus”

Algumas hora depois, na quinta-feira, 13, começam a circular os jornais impressos.

Os editoriais dos dois principais jornais de São Paulo pediam, sem meias-palavras, que o governador Geraldo Alckmin agisse, com sua Policia Militar, para “retomar a Paulista” de “vândalos” que impedem o direito de ir-e-vir de milhões de paulistanos.

O Estadão pediu o máximo de rigor ao governador e à PM: “Espera-se que ele [o governador] passe dessas palavras aos atos e determine que a PM aja com o máximo rigor para conter a fúria dos manifestantes, antes que ela tome conta da cidade.”

Com tudo isso, Alckmin se sentia amparado. A opinião publicada não dava margem a dúvidas: era preciso retomar a cidade, a Avenida Paulista, como se ela houvesse sido perdida numa guerra urbana para “pseudorrevolucionários”. Era necessária força e determinação.

Não que precisasse, mas aqueles editoriais deram um alento, libertaram as amarras. A opinião publicada indicava, claramente e em uníssono, que não contestaria as versões oficiais, que publicaria salvo-condutos, que não abriria espaço ao contraditório.

Na quinta-feira de manhã, portanto, já estava bem arquitetado o que aconteceria nos jornais e telejornais do dia seguinte ao quarto protesto contra o aumento das passagens.

Assim, ciente da hegemonia, o governo de São Paulo agiu para “retomar a paulista”.

Uma declaração do Major da Policia Militar já antecipava: “Nos não nos responsabilizamos mais pelo que vai acontecer”

O que se seguiu foi a mais alta brutalidade que já vi, a barbárie desmascarada, nua, se mostrando por inteira nas fardas da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Os fatos, as imagens, falam por si.

A violência da PM, libertada das amarras, se fez presente desde a concentração no Teatro Municipal. Revistas arbitrárias, jornalista preso por portar vinagre, que é usado para diminuir os efeitos do gás lacrimogênio nas via aéreas, spray de pimenta distribuído ao bel prazer...

Ali já tava claro qual seria o papel das forças policiais. Iam cumprir à risca o que os editoriais, e o governador, pediram.

O que já era brutalidade virou barbárie quando a PM começou a atirar em manifestantes que estavam no chão. Ali, 19:10 da noite, no simbólico cruzamento da Consolação com a Maria Antônia.

A partir daí, São Paulo se transformou em praça de guerra de um exército só. A Polícia agia, estrategicamente, para dividir os manifestantes em pequenos grupos e encurralá-los, em fogo cruzado.

Não havia rota de fuga ou de dispersão possível. Para todo lugar que se olhasse, grupos de policiais avançavam sobre a multidão... e atirando. E jogando bombas. Há dezenas de vídeos disponíveis mostrando isso.

Um PM atirou contra uma janela de um prédio porque tinha alguém ali filmando. Outro quebrou o vidro de uma viatura pra poder culpar os manifestantes.

Resultado sabido e esperado: Centenas de manifestantes feridos, alguns gravemente. Há relatos de especial predileção por vítimas da imprensa. Para a PM, em um ato falho, seria o risco da profissão (notem que comparam os jornalistas presentes na manifestação com aqueles que cobrem guerras!)

Se o tom da opinião publicada era em claro desafio à constituição, que garante o livre direito à manifestação, e pedia a suspensão dos direitos pra “garantir a ordem”, ela foi prontamente atendida pelo poder público do estado de São Paulo.

Há duas hipóteses para a repressão brutal do protesto de quinta-feira: Ou falta de comando ou excesso dele. Seria muita ingenuidade acreditar que tantas bombas jogadas, tanta balas disparadas em direção a qualquer grupo, fosse apenas um “excesso” cometido por alguns policiais mal treinados.

De qualquer maneira, ambas as hipóteses requeriam uma atitude enérgica do governador de São Paulo, que se limitou a dizer que investigaria alguns excessos, individualizando a barbárie. Ninguém, por falta ou excesso de comando, repito, ninguém foi exonerado. Tudo com dantes...

Independente da pauta das manifestações, dos motivos pessoais, da insatisfação percebida nas ruas, a barbárie protagonizada pela PM inflamou as pessoas, deu novos motivos para irem às ruas. Mais de duzentas mil saíram às ruas na segunda-feira, 17 .

Aqueles veículos midiáticos que praticamente imploraram ao governador que garantisse a “ordem” suspendendo direitos, tiveram que voltar atrás.

Desde então, mesmo querendo dizer o que querem os manifestantes, querendo pautar os protestos, precisaram adotar um tom ameno, de apoio às manifestações.

Por estas e outras que digo: Obrigado, governador.
 

Por: Walter Hupsel.


Esta é a falsa democracia defendida pelos nossos governantes repressores e arbítrários.

Manifestação Carioca


Teatro Municipal, Rio de Janeiro, segunda-feira, dia 17, à noite.
Apesar do confronto direto com a polícia e dos incidentes causados por vândalos e baderneiros de plantão, cerca de cem mil pessoas entre jovens e adultos foram às ruas segunda-feira próxima passada, dia 17, no Centro do Rio de Janeiro, em mais uma manifestação contra o aumento da tarifa da passagem dos ônibus. Na verdade, o aumento da tarifa é apenas a gota d’água que fez transbordar a paciência dos cariocas e dos brasileiros. Entre um inicio pacífico até a Candelária e um final trágico nas escadarias da ALERJ, muita coisa aconteceu e os R$ 0,20 (vinte centavos) foram apenas os coadjuvantes deste filme. O protesto que se configurou histórico e emocionante numa caminhada pacífica que tomou conta da Avenida Rio Branco no Centro do Rio, uma das mais importantes da cidade, desembocando na Candelária, um dos cartões postais do Rio de Janeiro, manifestantes protestaram contra o governador e o prefeito do Rio, respectivamente Sr. Sérgio Cabral e Sr. Eduardo Paz. Seguros de seus direitos legítimos de protestarem contra o que não acham correto no governo, os manifestantes protestaram por melhorias no governo, nos serviços de saúde, educação, transporte e pelo fim da corrupção no país. Uma onda de passeatas, protestos e manifestações tomou conta das principais cidades do país como um efeito dominó. A verdade é que o gigante que ora ficava deitado em seu berço esplêndido despertou forte, seguro e maduro e ao invés de chorar e lamentar foi para as ruas soltar a voz que estava presa na garganta. O povo nas ruas fez o Rio de Janeiro parar reunindo manifestantes de todas as idades, credo, classe social tornando-se uma nação verde e amarela com um único objetivo e motivada por um só sentimento: insatisfação. “Os manifestantes gritavam em coro palavras de ordem e cantos que iam de “sem violência”, “Eu sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor”, ao clássico de Geraldo Vandré,” Pra não dizer que não falei das flores” enquanto outros carregavam flores e cartazes dizendo o motivo da manifestação, além dos pedidos de paz. A manifestação atraiu curiosos para as janelas dos prédios comerciais, enquanto dos escritórios foi lançada uma chuva de papel picado em sinal de apoio a manifestação. Nas ruas os jovens pediam para que os trabalhadores descessem dos prédios para aderirem ao protesto ou piscassem a luz das salas comerciais para saber se recebiam apoio. Para surpresa, as luzes piscaram com efeito de pisca-pisca de árvore de natal.
Nota lamentável para a atuação de pessoas descompromissadas com a cidade e com o país, os vândalos oportunistas, desordeiros e baderneiros que depredaram, queimaram, quebraram e picharam patrimônios públicos e particulares, que se aproveitaram de um ato de civismo e civilidade para deixarem seus monstros internos tomarem conta de si, querendo então manchar com sangue, violência e quebra-quebra uma manifestação popular que buscava legitimamente seus direitos de cidadãos. Agora é esperarmos até o dia amanhecer nesta quinta-feira, dia 20, com a mobilização prevista para um milhão de pessoas.