Conheça o Pastafarianismo e outras religiões curiosas
Cultos alternativos, baseados nas ideias de filmes como Guerra nas Estrelas ou na existência de ETs, ganham credibilidade e seguidores.
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Lukas Novy não é o primeiro Pastafari a aparecer com uma peneira em sua licença: em 2011, um tribunal na Áustria concedeu a mesma permissão a Niko Alm (Foto: Niko Alm)
Quando um tribunal da República Tcheca deu
permissão para que Lukas Novy usasse um escorredor de macarrão na cabeça nas
fotografias de seus documentos oficiais, muitos perceberam ser ignorantes a
respeito do motivo que ele alegava para a excentricidade: o culto conhecido
como 'pastafarianismo'.
O culto, que recomenda o uso do escorredor -
provavelmente em honra a seu deus, o Monstro de Espaguete Voador (Flying
Spaghetti Monster, ou FSM, na sigla em inglês), uma espécie de bola gigante de
espaguete com almôndegas -, não costuma ser levado a sério pelos meios de
comunicação.
Em seu site oficial, a Igreja do monstro diz que
o "FSM é real, totalmente legítimo e respaldado por ciência pura".
"Qualquer coisa que pareça humor ou sátira é
uma mera coincidência", afirma a página.
A nota de introdução explica ainda que
"alguns pastafaris creem realmente no FSM", e faz uma ressalva:
"a sátira é uma base honesta e legítima para a religião".
A Justiça tcheca parece concordar com a
afirmação, já que determinou, na sexta-feira passada, que o uso do escorredor
nas fotos de documentos "se ajusta às leis da República Tcheca no que
corresponde ao uso permitido de acessórios na cabeça por razões médicas ou
religiosas".
Mas os pastafaris não são os únicos, nem os
últimos, a criarem para si um culto alternativo às religiões tradicionais, com
maior ou menor grau de aceitação e credibilidade.
Conheça alguns deles:
Jedismo e outra inspiradas em filmes e TV
É uma religião baseada nas ideias da série Guerra nas Estrelas. Não há um fundador ou estrutura central, mas tem uma base relativamente grande de seguidores declarados - apareceu como a crença alternativa mais importante em censos de vários países europeus a partir de 2001.
No censo de 2001, 0,7% dos britânicos e 1,5% dos neozelandenses disseram
seguir a 'força', colocando o Jedismo em sexto lugar no censo desses países.
É claro que esses resultados foram precedidos por uma campanha liderada por
jedistas, e acredita-se que muitos que professam a religião o fazem apenas para
ofender o governo ou protestar contra a inclusão de uma questão religiosa no
censo.
Existem várias "Igrejas do Jedismo" no mundo e sua base comum é o
"código jedi". Alguns descrevem a crença como uma mistura de taoismo
e budismo, enquanto outros dizem ser apenas um grupo de fãs radicais da
história de ficção científica.
Uma outra religião inspirada em séries ou personagens de filme ou de
televisão é o woodismo, em homenagem ao diretor de cinema Ed Woods.
Sociedade Etérea e outras ligadas a extraterrestres
O número de religiões e cultos ligados à existência de alienígenas ou à vida em outros planetas é relativamente alta.
Talvez a crença mais famosa seja a Cientologia, que fala de Xenu, um ditador
da "Confederação Intergaláctica" que trouxe milhões de seres para a
Terra e os exterminou. Alguns líderes da Cientologia dizem que a insistência em
associar o culto à figura de Xenu é uma estratégia negativa de promoção da
religião.
Mas há outros que não se importam de ser associados à crença de que existe
vida em outros planetas. O Raelismo, por exemplo, criado pelos francês Claude
Rael-Vorilhons - Rael, como é conhecido - tem sido comparado à Cientologia.
Rael afirma que os alienígenas o levaram para um outro planeta, onde entrou
em contato com Jesus, Maomé e outras grandes figuras das religiões
estabelecidas.
Segundo Rael, eles disseram que a humanidade foi criada em um laboratório
extraterrestre há 25 mil anos atrás, que os alienígenas vão aparecer em Israel
em 2025, e que ele deve transmitir uma mensagem de 'meditação sensual' ao
planeta.
A Cientologia também foi comparada à Sociedade Etérea. Seu criador é George
King, um ex- taxista de Londres, entusiasta da ioga, que afirma que Jesus,
Krishna e Buda eram extraterrestres.
King diz também que foi escolhido para ser a voz de um "parlamento
interplanetário".
Happy Science (Ciência da Felicidade)
É definido como um movimento religioso, criado no Japão por Ryuho Okawa, e reconhecido oficialmente em 1991.
Okawa afirma ser a reencarnação de um supremo espiritual chamado El Cantare,
suposto nome real de várias figuras-chave nas crenças cristãs, muçulmanas,
budistas e confucionistas. Okawa diz também estar em conexão direta com os
guardiões religiosos de grandes figuras políticas com quem detém entrevistas,
que em seguida são publicadas.
Uma das mais recentes foi uma conversa que ele disse ter tido com a
ex-primiê britânica, Margaret Thatcher, apenas 19 horas após sua morte.
A igreja entrou na arena política com a criação de um partido "para a
realização da felicidade", mas aparentemente ainda não se afirmou nesse
campo.
Mas enquanto a Igreja da Ciência da Felicidade espera aumentar a população
do Japão - em parte para impedir uma invasão da Coreia do Norte - a
Igreja da Eutanásia, criada pelo reverendo Chris Korda, nos Estados Unidos, quer
destacar o insustentável crescimento da população global.
De acordo com seu site, que inclui um contador da população, o seu lema é
"não procriarás" e seus quatro pilares são o suicídio, aborto,
canibalismo e sodomia ("qualquer ato sexual não destinado à
procriação"). Supostamente é uma provocação para inflamar os ativistas que
defendem a vida.
O Movimento do Príncipe Felipe
É o culto de uma tribo da Oceania ao príncipe Felipe, marido da Rainha Elizabeth da Inglaterra.
O povo indígena Yaohnanen, das ilhas Vanuatu, acredita que o príncipe Felipe
é um ser divino, a encarnação de uma figura de pele branca, filha de um
espírito da montanha, que se aventura no mar para se casar com uma mulher
poderosa.
Bastou uma visita de Felipe às ilhas em 1974, para que a crença fosse
confirmada. Assim nasceu uma religião.
Apateísmo
O Apateísmo é definido mais como uma posição filosófica ou teológica, que difere do ateísmo, pois acredita-se que um deus possa existir, mas sua existência não é a questão central e mais importante.
Existem várias correntes proeminentes, incluindo aquelas sem uma motivação
religiosa, que são completamente indiferentes, e que adotam uma abordagem mais
científica, se aproveitando do argumento de que não há nenhuma evidência sobre
a existência de um ou vários deuses.
O escritor americano Jonathan Rauch descreveu o apateísmo como 'uma aversão
à importância que alguém dá a sua própria religião, e uma aversão ainda maior à
importância que se dá à religião dos outros'.
Fonte: G1
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