terça-feira, 8 de dezembro de 2015

A EXPULSÃO DE DEUS - A Verdade Dita Na tv Americana


A filha de Billy Graham estava sendo entrevistada no Early Show e Jane Clayson perguntou a ela: – Como é que DEUS teria permitido algo horroroso assim acontecer no dia 11 de setembro?

Anne Graham deu uma resposta extremamente profunda e sábia. Ela disse: “Eu creio que DEUS ficou profundamente triste com o que aconteceu, tanto quanto nós. Por muitos anos nós temos dito para DEUS não interferir em nossas escolhas, sair do nosso governo e sair de nossas vidas. Sendo um cavalheiro como DEUS é, eu creio que Ele calmamente nos deixou. Como poderemos esperar que DEUS nos dê a Sua bênção e Sua proteção se nós exigimos que Ele não se envolva mais conosco?”


Eu sei que há muita gente mandando e-mail a respeito do dia 11 de setembro de 2001, mas um atentado assim, como o ocorrido, realmente faz você pensar. Se você acha que não tem tempo, pelos menos passe os olhos nesta crônica, pois no fundo é algo sério para se pensar… À vista dos acontecimentos recentes…. ataque dos terroristas, tiroteio nas escolas, etc.


Eu creio que tudo começou desde que Madeline Murray O’ Hare (que foi assassinada e seu corpo encontrado recentemente), se queixou de que era impróprio se fazer oração nas escolas americanas como se fazia tradicionalmente, e nós concordamos com a sua opinião. Depois disso, alguém disse que seria melhor também não ler mais a Bíblia nas escolas… A Bíblia que nos ensina que não devemos matar, não devemos roubar, e devemos amar o nosso próximo como a nós próprios. E nós concordamos.

Logo depois, o Dr. Benjamin Spock disse que não deveríamos bater em nossos filhos quando eles se comportassem mal, porque suas personalidades em formação ficariam distorcidas e poderíamos prejudicar sua auto-estima. E nós dissemos: “um perito nesse assunto deve saber o que está falando”, e então concordamos com ele.

Depois alguém disse que os professores e os diretores das escolas não deveriam disciplinar os nossos filhos quando eles se comportassem mal. Os administradores escolares então decidiram que nenhum professor em suas escolas deveria tocar em um aluno quando se comportasse mal, porque não queriam publicidade negativa, e não queriam ser processados. (Há uma grande diferença entre disciplinar e tocar, bater, dar socos, humilhar e chutar, etc.) E nós concordamos com tudo.

Aí alguém sugeriu que deveríamos deixar que nossas filhas fizessem aborto, se elas assim o quisessem, e que nem precisariam contar aos pais. E nós aceitamos essa sugestão sem ao menos questioná-la.

Em seguida algum membro da mesa administrativa escolar muito sabido disse que, como rapazes serão sempre rapazes, e que como homens iriam acabar fazendo o inevitável, que então deveríamos dar aos nossos filhos tantas camisinhas quantas eles quisessem, para que eles pudessem se divertir à vontade, e que nem precisaríamos dizer aos seus pais que eles as tivessem obtido na escola. E nós dissemos, “está bem”.

Depois alguns dos nossos oficiais eleitos mais importantes disseram que não teria importância alguma o que nós fizéssemos em nossa privacidade, desde que estivéssemos cumprindo com os nossos deveres. Concordando com eles, dissemos que para nós não faria qualquer diferença o que uma pessoa fizesse em particular, incluindo o nosso presidente da República, desde que o nosso emprego fosse mantido e a nossa economia ficasse equilibrada.

Então alguém sugeriu que imprimíssemos revistas com fotografias de mulheres nuas, e disséssemos que isto é uma coisa sadia, e uma apreciação natural da beleza do corpo feminino. E nós também concordamos.

Depois uma outra pessoa levou isto um passo mais adiante e publicou fotos de crianças nuas e foi mais além ainda, colocando-as à disposição na Internet. E nós dissemos, “está bem, isto é democracia, e eles têm direito de ter a liberdade de se expressar e fazer isso”.

A indústria de entretenimento então disse: “Vamos fazer shows de TV e filmes que promovam profanação, violência e sexo ilícito. Vamos gravar música que estimule o estupro, drogas, assassínio, suicídio e temas satânicos.” E nós dissemos: “Isto é apenas diversão, e não produz qualquer efeito prejudicial. Ninguém leva isso a sério mesmo, então 
que façam isso!”

Agora nós estamos nos perguntando por que nossos filhos não têm consciência, e por que não sabem distinguir entre o bem e o mal, o certo e o errado, por que não lhes incomoda matar pessoas estranhas ou seus próprios colegas de classe ou a si próprios… Provavelmente, se nós analisarmos tudo isto seriamente, iremos facilmente compreender: Nós colhemos exatamente aquilo que semeamos!

Uma menina escreveu um bilhetinho para DEUS, dizendo: “Senhor, por que não salvaste aquela criança na escola?” A resposta Dele seria: “Querida criança, não me deixam entrar nas escolas!” Do Seu DEUS.

É triste como as pessoas simplesmente culpam DEUS e não entendem por que o mundo está indo a passos largos para o inferno. É triste como cremos em tudo que os jornais e a TV dizem, mas duvidamos do que a Bíblia nos diz. É triste como todo o mundo quer ir para o céu, desde que não precise crer, nem pensar ou dizer qualquer coisa que a Bíblia ensina. É triste como alguém diz: “Eu creio em DEUS”, mas ainda assim segue a Satanás, que por sinal, também “crê” em DEUS.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

ABUSO DE AUTORIDADE EVANGÉLICA

Chega de legitimar a impunidade por parte de Sacerdotes dentro da Casa de Deus. Vamos entender o que realmente a Bíblia diz?

Não toqueis os meus ungidos, e não maltrateis os meus profetas. (Salmo105.15:) 

Interpretação comum: 
Não se deve falar mal dos líderes da igreja, mesmo que eles estejam agindo de modo errado, pois eles são “os ungidos de Deus”.

Esta interpretação nos leva ao círculo vicioso do pecado eclesiástico:
a) Por se sentirem “ameaçados por Deus”, os crentes acabam não denunciando os pecados dos seus líderes.
b) Os líderes corruptos, aproveitando-se desta “Imunidade Eclesiástica”, continuam pecando.

As consequências deste círculo vicioso do Pecado são:

a) Crentes desanimados, decepcionados e desviados dos caminhos do Senhor.

b) Igrejas doentes, sem a graça e o poder de Deus.

c) Baixo nível de envolvimento e comprometimento com a obra de Deus.

d) E, o mais grave de tudo, mais cedo ou mais tarde o nome do Nosso Senhor Jesus e do seu santo evangelho acabam sendo envergonhados, pois tudo que é feito às escondidas acaba sendo publicado no telhado – Lucas 12.3).

Considerações:
a) Quanto à unção, todos os crentes são “ungidos de Deus” e não somente os líderes.

– O próprio Salmo 105 assim nos ensina nos versos 12 a 15:
Quando eram poucos homens em número, sim, mui poucos, e estrangeiros nela; 
Quando andavam de nação em nação e dum reino para outro povo;
Não permitiu a ninguém que os oprimisse, e por amor deles repreendeu a reis, dizendo: Não toqueis os meus ungidos, e não maltrateis os meus profetas.

Este conceito é confirmado no Novo Testamento. Vós (todos os crentes) tendes a unção do Santo. (I João 2.20)

b) Quanto a falar mal dos líderes da igreja ou de quem quer que seja a Bíblia nos proíbe tal prática:

Irmãos, não faleis mal uns dos outros. (Tiago 4.11).

c) Por outro lado, qualquer pessoa da igreja que estiver agindo de modo errado, deve ser duramente disciplinada.

 Aos que pecarem, repreende-os na presença de todos, para que também os outros tenham temor. (I Timóteo 5.20)

Com exceção dos idosos, que devem ser repreendidos de modo diferenciado (I Timóteo 5.1).

Consideremos então, esta interpretação:
Não devemos falar mal de ninguém, seja um líder da igreja ou um membro comum, pois todos os crentes são ungidos de Deus e a Bíblia nos proíbe falar mal dos irmãos, no entanto, se alguém está em pecado deve ser repreendido publicamente. Seja o Pastor, o Presbítero, o Diácono, a Missionária, a Dirigente de Oração, ou até você mesmo. Deixemos de agir como os fariseus do século XXI e sejamos Crentes em nossa essência. Jesus Cristo está voltando!


A INVERSÃO DE VALORES NA IGREJA

O fundamento da Teologia constitui-se em sua servilidade. Servir, eis o fundamento da Teologia!  Pois servir às necessidades da igreja deve ser o principal e o maior objetivo da teologia. Cada Teólogo deve se colocar contra a atitude de instituições e de seus representantes que ditam regras e normas à igreja, tratando a Igreja de Cristo como propriedade particular e exigir que a Igreja apenas se digne a baixar a cabeça e a obedecer simplesmente por obedecer, a aceitar  simplesmente por aceitar a mandos e desmandos autoritaristas de líderes caprichosos e mimados que, a exemplo de Saul, já foram rejeitados por Deus e insistem em permanecer no trono. O mordomo da igreja é o TEÓLOGO, é o PASTOR. O Pastor e o Teólogo são os verdadeiros serviçais, os verdadeiros mordomos dentro da Casa de Deus. São eles quem devem servir. E quando isto não acontece, perdeu-se o sentido e a finalidade de Teologia, de Reino de Deus, de Serviço de Deus, o sentimento de Deus.
Por: Pr. Edivaldo Santos




Esclarecimento:
1)- O que é Mordomia?

Mordomia - é o manejo responsável dos recursos do reino de Deus que foram confiados a uma pessoa ou a um grupo. (Conciso Dicionário de Teologia Cristã – Millard J. Erickson).

 Mordomia - é Administração (Lc 16.2,RC).

 Mordomo - Pessoa encarregada da administração de uma casa (oikos); administrador. (Gn 39.4-8,RA; Lc 12.42). (Dicionário da Bíblia de Almeida) - (SBB).

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

EPITÁFIO

                       
                                
     EPITÁFIO.

Após a minha morte quero me eternizar na vida. Quero me fazer eterno e lembrado exatamente por quem eu fui. Não quero  exageros mas também não aceito depreciações. Não quero ser lembrado por glórias que não foram minhas, mas também não quero ser lembrado por culpas e prejuízos que não causei e que foram exclusivamente teus.

Quero que digam que apesar de todas as minhas limitações eu não fui medíocre, que eu vivi intensamente e que contei todos os meus dias com sabedoria, de forma significativa e exemplar.

Quero que digam que vivi com intensidade, com vontade, que disse todas as verdades que descobri, que repudiei todas as mentiras que sofri, que não neguei o conhecimento que conheci, mas que compartilhei as melhores coisas que possuí. 

Quero que digam que a mornidão não fez parte de minha trajetória, que eu escrevi uma grande história e que não só respirei, mas que eu vivi com emoção, que fiz pulsar meu coração, correr o sangue quente em minhas veias, com aceleração, diante de todos os riscos que corri nesta grande, perigosa e arriscada tarefa que Deus nos deu que é viver.

Quero que digam que não desperdicei minha vida, mas que também não a economizei. Que eu mais a empreguei e a dei naquilo que era útil, desprezando o fútil, embora às vezes, futilidade até faz bem. Mas quero que digam que a gastei no que foi útil, que nunca fui superficial, mas fui intenso e profundo famigerado feito o animal.

Após a minha morte quero que se lembrem de mim como alguém que nunca foi egoísta, mas como alguém que foi altruísta e que sempre fez o bem mesmo quando era incompreendido por alguém.

Quero ser lembrado pelos momentos que compartilhei, pela vida compartilhei, pelos sentimentos que doei, pelo saber e o conhecimento que ensinei.

Quero ser eternizado como alguém que entendeu que a vida era muito curta e breve e que não se poderia deixar sei apequenar diante dela. E que tudo o que fiz, fiz com consciência, sabedor do meu papel, de minha função nesta vida.

Quero ser lembrado como alguém que deu cumprimento e realizou as suas obras, seus empreendimentos, que buscou a transformação, a renovação, a novidade em cada dia, que fugia da mesmice e desconhecia o que era decepção.

Quero ser lembrado ludicamente como alguém que transformou sua vida numa cartola mágica de onde eu tirei surpresas todos os dias e não me deixei enfadar pelo peso da rotina.

Quero ser eternizado como alguém que descobriu que viver era mais do que respirar! Que descobriu a beleza das flores, que experimentou os sabores, que se encantou com a simplicidade das cores, que seu deixou queimar pelo raio do sol, que se banhava na chuva e que entrava de terno e gravata no mar. Eu entendi que é necessário quebrar os protocolos e paradigmas assim como Jesus fez.

Quero ser lembrado como alguém que entendeu que a vida tinha vícios e que era necessário se afastar e que me afastei de todos eles: do vicio da acomodação, dos hábitos mesquinhos, do vício da arrogância, do julgamento precipitado, do Vico do ódio, dos rancores, dos desamores, das lástimas e dos dissabores. A vida é o que sou, é o que faço, é o que compartilho é o que aos outros eu dou.

A diferença na vida está importância daquilo que somos para alguém. Por isto quero ser eternizado após a minha morte como alguém que te fará uma terrível falta, como alguém que você sabia que quando chegasse este dia, seria quase impossível viver sem a minha presença física. E que eu era realmente essencial e por isto ser lembrado, ser recordado, pensado e desejado por você. Mas não te esqueça: Eu estarei vivo e eternizado através de tudo aquilo que eu construí e compartilhei.

Quero que digam mais do que qualquer outra coisa que eu amei, que eu amei muito, que expressei este amor, que eu sabia amar, que eu dizia eu te amo, que eu conquistei verdadeiros e preciosos amigos, que eu cultivei por onde passei amizades, que eu fui extremamente importante para muitos, até posso ter sido desprezado por poucos, mas amado por todos e odiado pelo menos por um.

Quero que digam essencialmente que não tive uma passagem, mas que tive e fiz uma trajetória e uma travessia. E que em cada ponto de parada ou de partida eu perfumei, eu aromatizei e embelezei com minha existência a cada passo que meus pés deram. E que deixei impregnado o meu perfume, o meu aroma a minha essência a ponto de fazer todos quantos me conheceram me desejarem vivo outra vez. Mas lembrem-se: Eu estarei vivo e eternizado, importado dentro de vocês através de tudo aquilo que eu construí e compartilhei.

Não faço questão que digam que fui um homem bom, mas exijo que digam que fui apenas um homem justo independente das injustiças que sofri.


Mas quero ser lembrado sobre todas as coisas, acima de qualquer coisa como um servo de Deus. Como um homem que viveu para glória de Deus! Quero que digam que vivi de maneira digna do evangelho de Cristo, que eu era totalmente dependente de Deus, que eu temia e obedecia ao seu Santo Nome. 

E que mesmo vivendo muito longe e distante de um mundo que sonhei, eu mais agradeci do que pedi e que eu soube tirar de cada obstáculo e dificuldade, preciosas lições na vida que Deus me ensinava dia após dia.

Pr. Edivaldo Santos

sábado, 29 de agosto de 2015

TEOLOGIA DA PROSPERIDADE

SILAS MALAFAIA E A PROSPERIDADE EM 2 CORÍNTIOS 9

Escrito por Gustavo.

Teologia da prosperidade
Um dos assuntos mais polêmicos no meio evangélico brasileiro é a teologia da prosperidade. E entre as várias polêmicas, um personagem que se destaca certamente é o pastor Silas Malafaia, da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo. Em uma Santa Ceia comemorada com sua igreja, o pastor pregou uma mensagem intitulada “Uma vida de prosperidade”, baseada no texto de 2 Coríntios 9. Ela dá uma boa perspectiva de como um defensor da teologia da prosperidade se aproveita do texto bíblico para defendê-la.
O pastor está plenamente convencido que este texto ensina claramente a teologia da prosperidade, chamando-o de “o melhor compêndio sobre o assunto”. Sua confiança é tanta, que recentemente em seu programa televisivo Vitória em Cristo, ele anunciou um desafio aos seus críticos1. Ele os desafiava a responder biblicamente aquilo que ele pregou ali.
Da mesma forma, em vários momentos em sua pregação, ele repetiu aquilo que disse no início:
Eu queria que você fizesse 3 coisas. Não apenas comigo... Não apenas comigo... Mas isto fosse para você um lema, sobre tudo que você escuta. Faça estas 3 coisas: Duvidar, criticar e determinar.
Não apenas isto, mas ele ainda diz na mesma mensagem:
Você não pode receber aberto, direto, uma palavra, sem você antes analisá-la.
Aparentemente sua interpretação do texto é tão clara que qualquer um que o examine chegará às mesmas conclusões. E aparentemente nem os críticos de Malafaia seriam capazes de responder aquilo que ele pregou nesta mensagem.
Neste presente texto, aceitamos o convite feito pelo pastor. Não o convite ao desafio, que não faz o menor sentido, mas sim à análise do texto em questão. Afinal de contas, este texto realmente fala sobre ofertas à igreja? Este texto fala sobre prosperidade, assim como é entendida pelos defensores da teologia da prosperidade?

O tema de 2 Coríntios 9

É verdade que o texto de 2 Coríntios 9 fala de ofertas. Mas a pergunta que devemos fazer inicialmente é, que tipo de ofertas estamos tratando neste texto? E este tipo de pergunta naturalmente nos leva à análise do contexto. Somente entendendo o assunto tratado por Paulo nesta parte de sua carta é que nos será possível avaliar o significado de “oferta” aqui.
Paulo então começa a tratar do tema das ofertas no capítulo 8. Ali Paulo lembra o exemplo da Macedônia:
(2Co 8:3) Porque, dou-lhes testemunho de que, segundo as suas posses, e ainda acima das suas posses, deram voluntariamente,
(2Co 8:4) pedindo-nos, com muito encarecimento, o privilégio de participarem deste serviço a favor dos santos;
O tema do ato voluntário na doação será novamente mencionado por Paulo no capítulo 9, e será bastante enfatizado pelo pastor Malafaia. O pastor considera isto como uma característica do verdadeiro ofertante. Mas embora estes versículos – à primeira vista – possam se encaixar muito bem na pregação dele numa análise rápida e superficial, o contexto indica uma mensagem muito diferente, como podemos ver dos dois versículos anteriores:
(2Co 8:1) Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus que foi dada às igrejas da Macedônia;
(2Co 8:2) como, em muita prova de tribulação, a abundância do seu gozo e sua profunda pobreza abundaram em riquezas da sua generosidade.
Qual é a graça de Deus que foi dada às igrejas da Macedônia? Aqui Paulo não cita nenhuma das sugestões que Malafaia faz ao tratar da graça de Deus na vida do ofertante. A riqueza aqui é de generosidade. Eles eram pobres, mas mesmo assim generosos. Esta foi a graça dada por Deus a eles.
Mas esta generosidade não era para com a igreja local ou para suprir os desígnios particulares dos seus pastores. A generosidade é para com os santos, como Paulo relata no versículo 4. Quem são estes santos? As igrejas da Macedônia e de Corinto estavam organizando doações para os irmãos pobres em Jerusalém:
(Rm 15:25) Mas agora vou a Jerusalém para ministrar aos santos.
(Rm 15:26) Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia levantar uma oferta fraternal para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém.
(Rm 15:27) Isto pois lhes pareceu bem, como devedores que são para com eles. Porque, se os gentios foram participantes das bênçãos espirituais dos judeus, devem também servir a estes com as materiais.
(Rm 15:28) Tendo, pois, concluído isto, e havendo-lhes consignado este fruto, de lá, passando por vós, irei à Espanha.
Assim, Paulo aqui está se referindo à coleta feita para ajudar os irmãos pobres de Jerusalém comentando com os coríntios como eles eram generosos pela graça de Deus. E então devemos observar aqui que Paulo reconhece que os coríntios eram ricos em tudo. No entanto, sua descrição não inclui nada que foi mencionado na mensagem do pastor Malafaia:
(2Co 8:7) Ora, assim como abundais em tudo: em fé, em palavra, em ciência, em todo o zelo, no vosso amor para conosco, vede que também nesta graça abundeis.
Paulo exorta aos coríntios aqui a serem ricos em generosidade também, ajudando também os pobres em Jerusalém. Como podemos ver no início deste capítulo, abundar não está ligado a melhorias materiais e emocionais, ou relacionado a mais vitórias espirituais. E riqueza aqui nem sempre está ligada a bens materiais. De fato, Paulo aqui emprega os termos rico e pobre para falar da glória e humilhação de Cristo, bem como nossa Salvação:
(2Co 8:8) Não digo isto como quem manda, mas para provar, mediante o zelo de outros, a sinceridade de vosso amor;
(2Co 8:9) pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que pela sua pobreza fôsseis enriquecidos.
Mas Paulo toca neste assunto das contribuições exatamente por que a igreja de Corinto se prontificou a ajudar também, como ele mesmo diz:
(2Co 8:10) E nisto dou o meu parecer; pois isto vos convém a vós que primeiro começastes, desde o ano passado, não só a participar mas também a querer;
(2Co 8:11) agora, pois, levai a termo a obra, para que, assim como houve a prontidão no querer, haja também o cumprir segundo o que tendes.
(2Co 8:12) Porque, se há prontidão de vontade, é aceitável segundo o que alguém tem, e não segundo o que não tem.
Observem aqui que Paulo diz para eles contribuírem segundo o que possuem. Ninguém é incentivado a dar mais do que puder para ajudar. Este ponto revela algo importante na concepção de Paulo sobre a ajuda ao pobre e que ele diz mais claramente nos próximos versículos:
(2Co 8:13) Pois digo isto não para que haja alívio para outros e aperto para vós,
(2Co 8:14) mas para que haja igualdade, suprindo, neste tempo presente, na vossa abundância a falta dos outros, para que também a abundância deles venha a suprir a vossa falta, e assim haja igualdade;
(2Co 8:15) como está escrito: Ao que muito colheu, não sobrou; e ao que pouco colheu, não faltou.
A oferta tem que ser feita de tal forma que não haja prejuízo para ninguém. Não deve ser centralizada a benefício de uma pessoa ou um grupo reduzido, sob qualquer pretexto... Ninguém deve ajudar a aliviar uma pessoa, enquanto se coloca em uma posição de aperto. Se todo este texto puder ser aplicado às ofertas na igreja, isto não significaria que a igreja também é responsável em partilhar seus bens em abundância com os membros mais pobres? O pastor que compra jatinhos não deveria antes buscar a igualdade entre seus membros? Já que o pastor Malafaia evoca a lei da semeadura em sua mensagem, poderia adicionar esta citação que Paulo faz aqui, mencionando que aquele que semeia muito e por consequência colhe muito, também não tem sobra... Ele compartilha e generosamente reparte os seus bens com os irmãos necessitados.
E assim, Paulo continua o texto apresentando os irmãos que ele enviou adiante, entre eles Tito. Terminadas as apresentações, Paulo passa para o capítulo 9, que é o texto que pretendemos analisar aqui.

O texto de 2 Coríntios 9

Paulo então termina o capítulo anterior apresentando os irmãos que ele enviou adiante, para conferir as ofertas. Alguém poderia pensar que esta atitude revela certa desconfiança de Paulo e é por isto que o apóstolo esclarece bem este ponto no início do capítulo:
(2Co 9:1) Pois quanto à ministração que se faz a favor dos santos, não necessito escrever-vos;
(2Co 9:2) porque bem sei a vossa prontidão, pela qual me glorio de vós perante os macedônios, dizendo que a Acaia está pronta desde o ano passado; e o vosso zelo tem estimulado muitos.
(2Co 9:3) Mas enviei estes irmãos, a fim de que neste particular não se torne vão o nosso louvor a vosso respeito; para que, como eu dizia, estejais preparados,
(2Co 9:4) a fim de, se acaso alguns macedônios forem comigo, e vos acharem desaparecidos, não sermos nós envergonhados (para não dizermos vós) nesta confiança.
(2Co 9:5) Portanto, julguei necessário exortar estes irmãos que fossem adiante ter convosco, e preparassem de antemão a vossa beneficência, já há tempos prometida, para que a mesma esteja pronta como beneficência e não como por extorsão.
Então a intenção de Paulo era garantir que as ofertas já estivessem prontas quando ele chegasse, pois temia que a preparação apenas no momento da sua chegada desse a entender para qualquer pessoa que pudesse acompanhá-lo, que as ofertas não haviam sido doadas voluntariamente.
Malafaia faz algumas citações desta primeira parte em sua pregação. Ele cita o versículo 2 para mostrar como o verdadeiro ofertante deve ser. E embora a oferta referida no texto não esteja falando exatamente de dízimos e ofertas, devemos concordar que a prontidão em servir é algo inerente ao ofertante cristão.
No entanto, a forma que Malafaia trata o versículo 4 está completamente errada. Ele primeiro pergunta, “O que é a oferta?”, respondendo depois com a citação da última parte do versículo: “firme fundamento de glória”. Ele usa o texto da Almeida Corrigida e Fiel em suas citações, e no versículo 4 o texto diz:
(2Co 9:4) A fim de, se acaso os macedônios vierem comigo, e vos acharem desapercebidos, não nos envergonharmos nós (para não dizermos vós) deste firme fundamento de glória.
No entanto, a glória de que Paulo está falando não é a glória de Deus aqui. Ele está fazendo referência aqui à prontidão dos coríntios, que era o motivo do apóstolo se gloriar, como ele diz no versículo 2:
(2Co 9:2) porque bem sei a vossa prontidão, pela qual me glorio de vós perante os macedônios, dizendo que a Acaia está pronta desde o ano passado; e o vosso zelo tem estimulado muitos.
O versículo 3 na Almeida Corrigida Fiel deixa isto mais claro:
(2Co 9:3) Mas enviei estes irmãos, para que a nossa glória, acerca de vós, não seja vã nesta parte; para que (como já disse) possais estar prontos,
E por isto que na Almeida Atualizada, o versículo 4 fala de “confiança”, não de “fundamento de glória”. Outras traduções bíblicas deixam o significado ainda mais claro. Na Tradução Ecumênica da Bíblia (TEB), temos:
(2Co 9:3) Eu vos envio os irmãos, a fim de que o orgulho que tenho de vós não seja esvaziado neste ponto e a fim de que estejais realmente prontos, como eu dizia.
(2Co 9:4) Teria receio de que, se macedônios fossem comigo e não vos achassem prontos, esta bela segurança se transformasse em vergonha nossa, para não dizer vossa.
Bíblia de Jerusalém:
(2Co 9:3) Entretanto mando-vos os irmãos, a fim de que o elogio que de vós fiz não seja desmentido neste ponto e para que, como dizia, estejais realmente preparados.
(2Co 9:4) Se alguns macedônios fossem comigo e não vos encontrassem preparados, essa plena confiança seria motivo de nos envergonharmos - para não dizer: de vos envergonhardes.
Bíblia do Peregrino:
(2Co 9:3) Eu vos envio os irmãos, para que nosso orgulho por vós nesse ponto não acabe infundado. Portanto, como vos dizia, estai preparados.
(2Co 9:4) Pois, se chegam comigo os macedônios e vos encontram despreparados, nós, para não dizer vós, ficaremos decepcionados em nossas esperanças.
NVI:
(2Co 9:3) Contudo, estou enviando os irmãos para que o orgulho que temos de vocês a esse respeito não seja em vão, mas que vocês estejam preparados, como eu disse que estariam,
(2Co 9:4) a fim de que, se alguns macedônios forem comigo e os encontrarem despreparados, nós, para não mencionar vocês, não fiquemos envergonhados por tanta confiança que tivemos.
O sentido do versículo é que se por acaso os macedônios fossem com Paulo e não encontrassem os coríntios em prontidão, como muitos acreditavam e com base em que foram incentivados, todos iriam se envergonhar. Se envergonhariam de ter acreditado que os coríntios estavam assim. Então, Paulo ali não está nem de longe falando da oferta ser fundamento de glória. Esta ideia - fruto de uma tradução antiga, do tempo em que ninguém pensava em deturpar um texto que era então claro para os leitores - nem passou pela cabeça do apóstolo.
No versículo 5, Malafaia destaca dois pontos. O primeiro é feito quando ele explica o que é oferta. Neste ponto, ele destaca a palavra bênção, presente na Almeida Corrigida e Fiel. Para ele, a bênção é “favor divino e meio de felicidade”. No entanto, as bênçãos aqui preparadas são as “vossas bênçãos”, não “as bênçãos de Deus”. Isto quer dizer que aqueles irmãos foram preparar as bênçãos dos irmãos de Corinto para os irmãos de Jerusalém. As bênçãos aqui não são primariamente favores divinos, mas são os favores entre irmãos. Embora haja passagens que falem de Deus abençoando aquele que ajuda os irmãos, o simples uso da palavra bênção em lugar de oferta não implica nesta ideia aqui.
O segundo ponto destacado por Malafaia no versículo 5 é a prontidão. Para ele, a oferta é um ato de inteligência no sentido de que o ofertante tem que planejar aquilo que vai ofertar. Aqui não há ressalvas.
O versículo 6 nos traz uma ilustração muito interessante, baseada na semeadura. É o texto que faz o pastor Malafaia “deitar e rolar”, como ele faz questão de ressaltar em sua mensagem. O que diz o versículo?
(2Co 9:6) Mas digo isto: Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e aquele que semeia em abundância, em abundância também ceifará,
Há a proporção entre o que é semeado e o que é ceifado, que é chamado pelo pastor de “lei da semeadura”. Ele vê aqui uma enunciação clara daquilo que conhecemos por teologia da prosperidade: aquele que paga mais dízimos e ofertas recebe mais bênçãos de Deus. Seria esta uma leitura válida?
Para avaliarmos isto, continuemos a ler o que é dito no versículo 7:
(2Co 9:7) Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria.
Paulo já tinha exortado os coríntios a serem generosos, como vimos da análise do capítulo 8. No versículo 7 que complementa a ideia do versículo 6, Paulo exorta os coríntios a contribuírem sem tristeza ou constrangimento. Tristeza, por que aquele que contribui pode pensar que nunca mais verá o dinheiro que contribuiu. Quanto a isto, João Calvino fornece uma ótima explicação para a comparação com a semeadura:
6. Digo, porém, isto. Ele agora recomenda a assistência caridosa, usando uma bela comparação em que vincula-a à semeadura. Pois, na semeadura, a semente é lançada pela mão, espalhada aqui e ali, sobre o solo; é sepultada e, por fim, apodrece; de tal modo que, aparentemente, quase nem existe. Dá-se o mesmo com o donativo: o que sai de nós para alguém, parece diminuir o que possuímos, mas o tempo da ceifa virá, quando os frutos aparecerão e serão recolhidos. Pois o Senhor considera o que é doado aos pobres como sendo doado a Ele mesmo, e um dia recompensará o doador com juros fartos [Pv 19.17].
Focalizaremos agora a comparação de Paulo. Ele diz que o homem que é frugal em sua semeadura terá uma colheita tão escassa quanto sua semeadura; mas o homem que semeia generosamente e com as mãos abertas fará, igualmente, uma colheita generosa. Que esta doutrina seja solidamente radicada em nossa mente, a saber: sempre que a prudência carnal nos impedir de fazer o bem por receio de perdermos algo, tenhamos prontamente condições de resistir a tais impulsos, movidos pela lembrança da declaração do Senhor de que, ao fazermos o bem, estamos semeando. É preciso entender esta colheita, seja em termos de recompensa espiritual de vida eterna ou como uma referência às bênçãos terrenas com as quais o Senhor agracia o benfeitor. Pois o Senhor requer esta beneficência da parte dos crentes não só no céu, mas também neste mundo. É como se Paulo quisesse dizer: “Quanto mais liberais venhais a ser para com vosso semelhante, possuireis muito mais ricamente a bênção que Deus derrama sobre vós”. Aqui, novamente, ele usa o termo bênção como oposto de frugal, assim como um pouco antes ele o contrasta com avareza. Tudo indica que a palavra é aqui usada no sentido de liberalidade ampla e abundante2.
Assim, a ilustração da semeadura realmente declara uma proporcionalidade entre doação e bênçãos recebidas. No entanto, esta ilustração foi feita para incentivar os irmãos a se ajudarem mutuamente. Aqui nem passava pela cabeça de Paulo incentivar quem quer que fosse a buscar a prosperidade material egocêntrica.
O versículo 7 é várias vezes citado por Malafaia.
(2Co 9:7) Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria.
Para o pastor, o versículo mostra tanto como é o verdadeiro ofertante quanto os resultados da oferta na vida do ofertante. Como já mencionamos, o versículo exorta a não dar com tristeza, e neste ponto a ilustração da semeadura é muito importante. Aqui ainda nos é dado mais um incentivo à generosidade, onde Paulo nos diz que Deus ama aquele que dá com alegria. Os dois pontos são destacados pelo pastor, no entanto temos que lembrar que aqui, a oferta é a contribuição aos irmãos pobres de Jerusalém. Por outro lado, ao descrever como o ofertante se beneficia do amor de Deus, Malafaia nos diz:
Se Deus ama, Deus protege. Se Deus ama, Deus guarda. Se Deus ama, Deus supre.
Certamente isto é verdade. Mas este não é o único aspecto do amor de Deus e não parece ser estes aspectos que estão em vista neste texto. Paulo dá uma outra perspectiva no próximo versículo:
(2Co 9:8) E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda boa obra;
É deste versículo que o pastor Malafaia retira sua “lei total do favor de Deus” e onde ele explica que “graça é o favor imerecido, benevolente, amoroso de Deus para o homem”. Para ele esta graça atua na vida material, na vida emocional e na vida espiritual, que por sua vez, é exemplificado nas curas, vitórias espirituais, resolução de problemas financeiros e emocionais. No entanto, Paulo nos diz a finalidade para a qual esta graça de Deus abunda: “a fim de que, tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda boa obra”.
O versículo, portanto, é ainda mais amplo do que a interpretação que Malafaia dá a ele, e aqui é interessante o emprego da palavra suficiência (αὐτάρκεια), ou seja, um estado de ter o que é adequado3. Isto indica que Deus dá sua graça com o objetivo de termos apenas o que nos é suficiente em tudo. Tendo esta suficiência, poderemos abundar em toda a obra. Sendo assim, não podemos entender esta graça dada como um contrato de prosperidade financeira proposto por Deus ao crente. Devemos entender aqui que Deus não deixaria o ofertante passar necessidade por ajudar os pobres.
É interessante notar que há apenas dois lugares na Bíblia onde αὐτάρκεια é usada. O outro uso da nos revela um texto altamente relevante para a discussão da prosperidade:
(1Tm 6:3) Se alguém ensina alguma doutrina diversa, e não se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade,
(1Tm 6:4) é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, injúrias, suspeitas maliciosas,
(1Tm 6:5) disputas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade é fonte de lucro;
(1Tm 6:6) e, de fato, é grande fonte de lucro a piedade com o contentamento (αὐτάρκεια).
(1Tm 6:7) Porque nada trouxe para este mundo, e nada podemos daqui levar;
(1Tm 6:8) tendo, porém, alimento e vestuário, estaremos com isso contentes.
(1Tm 6:9) Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição.
(1Tm 6:10) Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.
Aqui em 1 Timóteo 6 vemos a mesma palavra sendo usada por Paulo para combater a cobiça de alguns, que, como os defensores da teologia da prosperidade, faziam da piedade fonte de lucro. Paulo no entanto mostra que o nosso lucro é a piedade com contentamento. Nosso contentamento é ter alimento e vestuário.
Voltando a 2 Coríntios 9, Paulo confirma no versículo 9 que Deus não deixará o ofertante em necessidade:
(2Co 9:9) conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; a sua justiça permanece para sempre.
Onde fica bem claro que o tema do capítulo é uma oferta aos pobres, não à igreja. Aqui, justiça está sendo empregada com o sentido de cumprir as expectativas de Deus não especificamente expressas em ordenanças4. Deus sempre lembrará da generosidade de alguém pelo pobre, como o próprio Jesus fez questão de dizer (Mt 10:42; Mc 9:41). É desta mesma justiça que o apóstolo continua falando no versículo 10:
(2Co 9:10) Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, e pão para comer, também dará e multiplicará a vossa sementeira, e aumentará os frutos da vossa justiça.
Aqui há, portanto, uma promessa de que Deus irá realmente suprir o ofertante de modo que ele não passe nenhuma necessidade. No entanto, quando o apóstolo fala de multiplicar as sementes, estaria ele falando que o ofertante seria próspero materialmente? Afinal de contas, é isto que o pastor Malafaia dá a entender com sua “lei da multiplicação”. Pelo uso da palavra “suficiência” no versículo 8, isto porém não é necessário. Mas é interessante que o apóstolo fala de um enriquecimento no próximo versículo:
(2Co 9:11) enquanto em tudo enriqueceis para toda a liberalidade, a qual por nós reverte em ações de graças a Deus.
Aqui Paulo fala de um enriquecimento “em tudo”, assim como no versículo 8 a suficiência era “em tudo”. Aqui Malafaia vê uma “lei da abundância” refletida na palavra “enriqueceis”, mesmo que Paulo estivesse tratando de suficiência no versículo 8. No entanto, o enriquecimento aqui, seja qual for a natureza dele, possui um propósito. O enriquecimento é “para toda a liberalidade”, ou seja, para toda generosidade. Em outras palavras, Paulo aqui está reiterando aquilo que foi dito no versículo 10: Deus nos dá o suficiente para nosso sustento, bem como para sermos generosos (Ef 4:28; Hb 13:16). Então, se o versículo 11 fala de alguma abundância, ele fala que esta abundância existe para que o ofertante possa ser generoso. A riqueza existe para ser compartilhada, não para ser individualizada.
O que acontece quando esta generosidade é praticada? Paulo nos diz aqui que tudo isto é revertido em ações de graças a Deus. Como se dá isto? Paulo completa:
(2Co 9:12) Porque a ministração deste serviço não só supre as necessidades dos santos, mas também transborda em muitas ações de graças a Deus;
(2Co 9:13) visto como, na prova desta ministração, eles glorificam a Deus pela submissão que confessais quanto ao evangelho de Cristo, e pela liberalidade da vossa contribuição para eles, e para todos;
(2Co 9:14) enquanto eles, pela oração por vós, demonstram o ardente afeto que vos têm, por causa da superabundante graça de Deus que há em vós.
(2Co 9:15) Graças a Deus pelo seu dom inefável.
A caridade glorifica a Deus por que todos veem que são os discípulos de Cristo, por puro amor, que ajudam aqueles em necessidade. E vendo estes discípulos agindo assim, quem não daria graças a Deus? E da mesma forma, os irmãos que são ajudados também oram pelos irmãos que foram generosos, demonstrando o amor que existe dentro da igreja.
Aqui então termina o capítulo 9 e o tema das ofertas aos irmãos de Jerusalém. Uma vez compreendido o que nos é comunicado pelo texto e comparando com a interpretação que dele faz o pastor Malafaia, podemos agora partir para as considerações finais.

Conclusão

Várias vezes durante sua mensagem, o pastor Silas Malafaia pediu que seus ouvintes “duvidassem, criticassem e determinassem”. Partimos então da dúvida, procedendo com a crítica acima. Agora é o momento de determinar. Afinal de contas, o texto de 2 Coríntios 9 é o “melhor compêndio sobre o assunto” da oferta?
Vimos que o texto está falando não da oferta feita na igreja para ajudar o ministério de um pastor que não presta contas a ninguém, mas sim, de uma oferta feita de maneira clara e organizada de irmãos interessados em ajudar irmãos pobres de outras igrejas. Repare que a oferta de 2 Coríntios 9 não é para evangelizar descrentes nem para financiar ministérios de evangelização de qualquer espécie. Há um denominador comum aqui que é a oferta em si, mas o tipo de oferta que é diferente.
Muito do que está presente na oferta aos irmãos pobres de Jerusalém pode ser aplicado às ofertas nas igrejas atuais. É verdade que o ofertante hoje deve ofertar livremente e por amor. É verdade que o ofertante deve ofertar aquilo que lhe sobra. E de certa forma também é verdade que mesmo na oferta para a igreja o ofertante recebe bênçãos, não necessariamente materiais, já que ajuda sua igreja a pagar suas despesas. Podemos obter deste texto princípios gerais de uma oferta.
No entanto, há princípios neste texto que o defensor da teologia da prosperidade não está preocupado em defender. Por exemplo, o princípio da igualdade presente em 2 Coríntios 8:14. A igreja está preocupada em exortar aqueles que têm em abundância a compartilhar com os irmãos mais pobres? Se o patrimônio da igreja tem sobras maiores que os bens de alguns membros, ela se dispõe livremente e de puro amor a compartilhar o seu excesso de arrecadação para que todos seus fiéis tenham igualdade de condições?
E o exemplo do princípio da suficiência? A igreja não deveria manter somente aquilo que ela precisa, compartilhando o resto com os irmãos? Não deveria ela confiar que Deus lhe suprirá toda e qualquer necessidade?
Este texto, muito mais do que o melhor compêndio sobre ofertas, é uma grande lição para todos os cristãos. Ele nos ensina e exorta a sermos caridosos, generosos, solidários. O pastor Malafaia no entanto o transforma em um incentivo para a busca da prosperidade solitária. São mensagens completamente diferentes que nos são propostas. Sendo assim, duvidamos, criticamos e determinamos rejeitar a mensagem pregada pelo pastor Silas Malafaia. Aquela que Paulo pregou, inspirado pelo Espírito Santo, é que representa a mais pura verdade.

Observações adicionais

Desde a publicação deste texto, recebemos alguns comentários que necessitam de algumas explicações adicionais. Aproveitamos a oportunidade dada com a atualização de nosso site, para adicionar estes pontos ao texto.
O primeiro ponto é a menção a "jatinhos" no texto original. Alguns acreditaram que o site estaria acusando o pastor Malafaia de possuir jatinhos e coisas do gênero, coisa que não seria tratada no texto sem uma fonte confiável. Citou-se "jatinho" por que desejava-se dar um exemplo genérico de algo que tem um alto valor, para ilustrar um ponto. Observamos aqui que mesmo discordando do pastor, não buscamos destratá-lo aqui.
Em segundo lugar, argumentou-se que o pastor Malafaia sequer defende a teologia da prosperidade. No entanto, o próprio pastor se declara adepto da teologia da prosperidade ao anunciar o desafio que respondemos aqui:
E eu desafio blogueiros, críticos de meia-tigela, certo, quem planta notícia em internet, invejoso, caluniador, eu vou desafiar você a assistir estes dois programas e me dizer onde é que tá(sic) meu erro teológico, sobre a teologia da prosperidade que eu prego e creio5.
O terceiro e último ponto que temos para comentar é a questão da contextualização. Argumentou-se que o pastor Malafaia estaria contextualizando um texto antigo para nossos tempos. Discordamos disto, pois na contextualização histórica, um texto que fala sobre um assunto é "atualizado" para nossos dias, mantendo o mesmo assunto. Demonstramos no texto acima que o assunto não é dízimo, portanto fazer o texto tratar apenas de dízimo é alterar o seu conteúdo.



Fonte: www. e-cristianismo.com.br